Parece estranho o título de um post assim, mas vamos lá:

Quem nunca parou para olhar o céu, imaginar desenhos nas nuvens? Quem nunca ficou escutando uma música, e parou tudo o que estava fazendo só para ouvir a letra, imaginar um cenário, sei lá? Pegar uma folha de papel, encher ela com desenhos de bonecos ou escrever as primeiras palavras que vem na sua cabeça, por menos sentido que elas façam?

Pra que tudo isso? Vegetar faz bem, por menos sentido que isso pareça fazer. Faz bem não pensar em nada de vez em quando, liberar sua mente de qualquer idéia, e deixar que as coisas fluam. Parece meio loucura isso, mas eu sempre sinto que eu produzo mais quando não estou pensando ativamente naquilo que estou fazendo, simplesmente deixando “fluir”. É como tocar piano – quanto mais você tenta acertar o movimento das duas mãos, mais difícil fica. Mas quando você “esquece” de prestar atenção, parece que a coisa vai mais fácil.

E aparentemente, isso tem base científica. Teve um lugar que li que a melhor maneira de resolver um problema é ir dormir pensando nele. Exatamente. Porque quando você faz isso, seu inconsciente continua pensando naquilo, e provavelmente quando você acordar, vai vir naturalmente durante o dia uma solução. Isso porque, ao contrário do consciente, a mente inconsciente não é tão presa às regras “físicas” – ela pode fluir e vagar, e criar cenários mais facilmente.

O problema, é que cada vez menos a gente tem a oportunidade de “vegetar”. Basta entrar num trem, metrô, alguns ônibus, e ver aquelas TVs passando propagandas, notícias interessantíssimas tipo “Artista X teria deletado o twitter por causa do namorado” ou algo parecido. E essas coisas parece que sugam nossa atenção, e por menos que você queira olhar, você acaba prestando atenção naquilo. Ou quando você entra num ônibus, encosta sua cabeça no banco e começa a tentar não pensar em nada, quando senta alguém atrás de você com aquelas maldições de celulares com MP3 tocando o pior do funk carioca, em alto e bom som, para que todos ouçam.

Parece que passar um tempo consigo mesmo é algo cada vez mais raro.

Finais de semana, você acorda tarde. Logo quando você acorda, seus vizinhos estão brigando. Aí você vai até a sala, tenta não prestar a atenção neles, e então alguém começa a querer mostrar que tem moto e começa a acelerar e brecar, fazendo aquele típico estouro no escapamento. Você vai pra um parque, que quase não tem árvore (e os que tem árvores, pra ir até lá você precisa pegar o maldito ônibus com o maldito carinha que escuta funk carioca).

Não é um post reclamando da vida, por mais que pareça. É mais para tentar reestabelecer a necessidade de ficar consigo mesmo. Quando foi a última vez que você fez isso? Quantas coisas a gente pode aprender consigo mesmo, quantas respostas a gente já tem e só não teve tempo de escutar. Quantos problemas nós já temos a solução, e ficamos procurando-a em outro lugar ao invés de procurarmos em nós mesmos. Existem momentos, muitos momentos, em que a gente deveria passar o tempo vago parado, deitado numa cama, sem dormir, mas olhando pro teto, contando os buracos, ou mesmo só parado mesmo, sentindo o vento, sem dormir, mas também sem pensar em nada. Ajuda MUITO para resolver muitos problemas, por mais estranho que possa parecer. No fim, a gente se preocupa tanto em ser sociável, que meio que acaba se esquecendo que também precisamos ser sociáveis com nós mesmos…

Categories: Divagações