Por fim, essa parte é sobre Fortaleza. É um post nada técnico, mas acho que vale a pena comentar.
Fortaleza, logo nos primeiros dias, mostrou a minha insanidade. Sinceramente. Escancarou a insanidade que é viver em São Paulo, nessa selva de pedra, completamente desumana. Para começar, logo no primeiro dia, o taxista conversando conosco (às 0h), e, do nada, vê que passou o hotel e resolve dar ré… numa avenida. E tudo bem, um outro carro passou por ele como se nada tivesse acontecido.
A população tem um olhar mais vivo por lá. Os passos são sadios, calmos, não apressados e ansiosos como em São Paulo. Aliás, as pessoas olham para você. Parece bobo, e de fato é, mas tente andar na Paulista e impressione-se em ver como as pessoas não fazem contato visual. Nem na Berrini, ou qualquer um desses “centros comerciais” de São Paulo.
Mercado, e as pessoas comentando: “o quê, você vai embora às sete?”. Detalhe, o mercado fecha oficialmente às sete mas, seis e meia, o pessoal já está arrumando as coisas, afinal o mercado fecha às sete, não às oito ou “até o último cliente”.
Fui parado duas vezes na rua por pessoas, uma com uma nota de vinte na mão, outra de cinquenta. O motivo? Saber se eu conseguia trocar a nota pra ela. À noite, a avenida beira-mar é lotada de gente, correndo, praticando esportes, andando de patins ou qualquer coisa parecida. Nenhum contrato, nenhuma formalidade, só chegar lá e praticar com o pessoal. Simples assim. Simples como um dono de uma barraquinha que, ao ver que as crianças estavam jogando bola sozinhas, foi lá jogar com elas. Algum tempo depois, as crianças cansaram, foram até o pai, que as pegou na mão e foram embora. Nenhuma palavra trocada entre o pai ou o dono da barraca, nenhum olhar hostil, como se aquele comportamento fosse tão normal por lá que é o que se espera de qualquer pessoa.
Isso faz pensar um pouco. O ritmo que vivemos em São Paulo, é sustentável? É agradável? Isso é engraçado pensar, porque todos os acessos à informação que eu tenho são de contatos em São Paulo-toda a idéia de empreendedorismo que eu tenho é de São Paulo, a idéia de “dedicar-se dias e noites ao trabalho para fazer algo grandioso e ficar rico ou próximo de rico” ou algo assim. Essa “realidade” é real em Fortaleza, ou em lugares mais calmos? Existe mesmo uma “regra” como essa, ou será que estamos apenas repetindo idéias divulgadas por países como os EUA, sem ver a “big picture”?
Enfim, Fortaleza. Talvez, a primeira cidade que eu visitei, e pensei: “aqui, é um lugar bom para morar”. É comum para nós, de São Paulo, pensarmos no estado como a “locomotiva do país”, “quem carrega o Brasil nas costas”, e coisas assim. Será que estamos realmente com essa bola toda? Ou será isso apenas uma desculpa, um motivo para vivermos e aceitarmos a vida que vivemos?
Just saying 🙂