Minha estadia no Nubank

Ultimamente eu tenho estudado muito de programação funcional, principalmente em Clojure. E nada melhor para estudar uma linguagem do que se aventurar num emprego em que se usa ela, certo? 

Foi assim que eu fiz o processo seletivo no Nubank. E passei, e comecei a trabalhar em maio.

Muitas coisas foram diferentes para mim nessa pequena jornada. A primeira empresa em que o atendimento ao cliente está muito próximo do dia a dia, a primeira empresa com muitos funcionários, a primeira empresa que opera com muito investimento, a primeira empresa que usa intensivamente micro serviços, e a primeira empresa em que eu, de fato, fui demitido (e não que eu pedi demissão). 

Apesar de tudo, eu já tinha meus planos de sair. Mas isso não vem ao caso, nem vem ao caso as circunstâncias que levaram ao acontecido. O importante é o que fica, e as coisas que eu aprendi. 

Pela primeira vez na vida eu trabalhei com microserviços, e pela primeira vez eu consegui ver a vantagem real de uma linguagem funcional nesse processo. Há muito tempo atrás, no mundo de Ruby, uma implementação chamada Maglev prometeu entregar persistência de objetos Ruby completos, inclusive exceptions. O Maglev mesmo nunca foi muito utilizado, mas essa ideia de persistir exceptions e sessions e depois reproduzir o bug simplesmente pegando a session e replicando os passos que causaram o erro ficaram na minha mente. 

Quando eu trabalhei com microserviços, era exatamente isso que eu fazia – cada ponto de entrada em um serviço era um conjunto de dados, e como a maior parte das coisas era imutável, se algo dava erro a mensagem era rejeitada, e depois podíamos simplesmente chamar o mesmo entrypoint com a mesma mensagem, e garantir que a mesma exception ocorreria. Se fosse algum erro de comunicação com banco de dados ou com outro entrypoint, nada de errado ocorreria – e aqui entra a segunda coisa diferente.

Para suportar todas essas características, todos os entrypoints tinham que ser indepotentes – ou seja, se uma mesma mensagem fosse enviada para ele duas, três, ou quatro vezes, o entrypoint se compraria como se tivesse recebido apenas uma. O importante aqui é não depender de um id de mensagem ou qualquer coisa assim – é importante que a mensagem inteira seja responsável por ser indepotente.
(more…)

Meu workflow em Clojure

Há algum tempo postei sobre LightTable e Clojure, e embora minha opinião sobre essa nova forma de programar não tenha mudado, algumas coisas infelizmente mudaram bastante. A primeira foi o esquema de plug-ins do LightTable. Ele tem poucos plug-ins úteis, e alguns dos que existem não funcionam com as versões Read more…

Clojure, LightTable, e uma nova forma de programar

Esses últimos meses tenho estudado Clojure, ClojureScript, e me entendendo com o ecosistema de tudo isso. Mas sobre a linguagem fica para outro post. Por hora, vamos a uma frase famosa: A language that doesn’t affect the way you think about programming, is not worth knowing, ou Uma linguagem que não afeta a forma que você pensa sobre programar, não vale a pena aprender. Essa frase, de Alan Perlis, mostra muita coisa do que eu penso antes de aprender uma nova linguagem, e vai explicar muito ao aprender sobre Clojure.

Antes de mais nada, vejamos como as linguagens evoluíram – C++ e Java são linguagens orientadas a objeto. Ruby, Python, e Scala também. Mas vejamos como usar uma lista em Java: abrimos o Java, numa IDE lenta como o Eclipse (que precisa de instalação, etc), importamos a lib…. qual lib mesmo? Bom, entramos num Javadoc, procurarmos a lib…. isso em C++ é pior ainda, já que em Java, pelo menos a IDE completa automaticamente os métodos (e algumas vezes, até os imports) pra nós.

Em Scala e Ruby? Abrimos o console, criamos uma lista, atribuímos a uma variável e digitamos: variable., seguido de alguns tabs e o console completa para a gente. Esse é o poder de um REPL (Read-Eval-Print-Loop, ou console, IRB, etc), e o REPL muda completamente a forma de escrever, explorar, entender e até mesmo de pensar em programação. Precisamos um dado no banco de dados? Entramos no REPL, digitamos User.create!(login: “foobar”), e voilá – temos um objeto criado. Não precisamos criar uma tela de cadastro para criar esse dado, não precisamos abrir o gerenciador do banco, etc.

Isso, com Clojure, é elevado ao limite.

(more…)

Traçando a Execução em Bibliotecas de Terceiros (em Ruby)

Ontem, acredito que esbarrei feio num bug do Ruby 1.8 (não sei se outras versões estão com o mesmo problema). Para encurtar a longa história, estava mexendo num código usando TheRubyRacer semelhante ao seguinte (nota: se você não entender o código a seguir, vale a pena dar uma olhada em meu post anterior):

class UmaClasse
  def method_missing(method, *args, &b)
    puts "Método #{method} chamado!"
    ...
  end
end

require 'v8'
context = V8::Context.new
context['classe'] = UmaClasse.new
p context.eval('classe.um_metodo')
p context.eval('classe.um_metodo = 10')

O que eu esperava, é que na linha 11, fosse impressa a mensagem “Método um_metodo chamado!”, porém o que aconteceu não foi bem isso. Quando olhei para a documentação da biblioteca, descobri que ela expõe apenas os métodos públicos por padrão, agora COMO ela fazia isso… isso já é outro problema. Então, num primeiro momento, resolvi remover todos os métodos da classe UmaClasse, e ver o que acontecia:
(more…)

Conectando Javascript e Ruby

Bom, a algum tempo vi uma biblioteca chamada Harmony, para Ruby, que tenta fazer esse processo. Porém, eu achei alguns problemas na biblioteca que meio que me impediam de usá-la do jeito que eu queria, então acabei encontrando uma outra alternativa: The Ruby Racer.

Esta biblioteca usa o interpretador V8, o mesmo usado no Google Chrome, para interpretar Javascript. Possui uma API bem simples, e consegue incorporar objetos Ruby no Javascript de uma forma bem transparente. Como exemplo, digamos que queremos expor uma classe Ruby para o Javascript. Basta usar o código a seguir:

require 'v8'

class UmaClasse
  def initialize(nome)
    @nome = nome
  end

  def imprimir_nome
    puts @nome
  end
end

js = V8::Context.new
js['uma_classe'] = UmaClasse.new
js.eval('uma_classe.imprimir_nome()')

Este código conectará, no Javascript, um objeto chamado uma_classe. Para instalar a biblioteca, um simples “gem install therubyracer” basta, na maioria das vezes. Quando isso não funciona (que nem o meu caso)…
(more…)

Paradigmas do MongoDB

Esses dias trabalhei firme no meu mapeador para MongoDB, o MongoParadigm. O código dele, como sempre, está disponível no GitHub. Atualmente estou me esforçando para integrar ele com Rails, e depois disso tudo pretendo finalmente implementar o “has :many” e o “belongs_to”. Pensei como seriam essas associações, e percebi que elas era a parte menos importante do MongoDB.

Isso porque eu acho que estou entendendo o que exatamente é uma base de dados orientada a “documentos”, finalmente – trabalhando na UFABC, é fácil de ver esse tipo de coisa: O registro de um aluno é um documento (no caso, de uma pessoa). O histórico do aluno é outro documento – e essa é a parte interessante, o histórico é um documento que pertence a um aluno, e não o contrário. Isso deve ficar bem documentado no MongoDB, porque apesar de não parecer, as bases de dados relacionais levam a gente a pensar de forma não-natural. Por exemplo, quando você vai armazenar um histórico de notas de um aluno em uma base relacional, normalmente você não armazena UM histórico, e sim um monte de registros que estão ligadas a um aluno por uma chave. Agora, é perfeitamente simples de entender porque o MongoDB não implementa trasações – afinal, no caso dele, se fosse necessária uma alteração se está mexendo em UM documento, e não em 20 registros, por exemplo.

(more…)

Usando frameworks Java com JRuby

Estes dias, estava vendo uns projetos antigos e lembrei de um framework bem legal para Java chamado ZK. O problema do ZK é que você consegue aproveitar o máximo dele quando você programa usando Servlets, e não usando o modelo ZUL dele. Lembrei de alguns projetos que fiz, de algumas coisas interessantes que ele fazia e também lembrei que eu cheguei a programar com Servlet em Ruby, e aqui vai como eu fiz mais esse trabalho para evitar Java. NOTA: Isso funciona com qualquer framework Java, seja ele ZK ou Echo2 ou qualquer outro, porque na verdade o que você faz é escrever algumas linhas de código de “cola” e depois passa o controle para o JRuby

A primeira coisa que você precisa é do JRuby instalado, e de um compilador Java. Crie seu projeto normalmente, e provavelmente você terá uma classe que será responsável por instanciar a primeira classe (janela, página, seja lá o que for) do seu Servlet. Nesse ponto que a “mágica” acontece. Para simplificar as coisas, que vou criar uma classe (chamada Inicial) que instanciará uma JFrame. Toda a JFrame será definida em JRuby.

(more…)