Configurando Clojure com Atom

Bom, numa postarem anterior eu mostrei meu workflow com Clojure e Atom. Nesse post, farei um passo a passo bem mais detalhado.

A primeira coisa a se fazer é instalar, no sistema operacional, o Java SDK e o Leiningen. Isso torna possível rodar Clojure e ClojureScript no sistema operacional. Agora, vamos ao Atom.

As novas alterações do meu plug-in clojure plus trazem um suporte preliminar a ClojureScript também, usando o piggieback. Na verdade, qualquer biblioteca é possível, já que o plug-in permite que você defina um comando que abriria um console ClojureScript. Mas mais sobre isso mais tarde.

Atom e Profiles

Dentro do Atom, instale o proto-repl, clojure-plus, lisp-paredit e clojure-language. O primeiro plug-in faz a ponte entre o clojure e o editor, o segundo traz funcionalidades interessantes, o terceiro faz edição estrutural (se você quiser, claro), mas principalmente corrige a indentação de código Clojure quando se digita enter (o Atom tem uma regra genérica que não funciona em LISPs).

Enquanto esses plug-ins instalam, é hora de configurar seu profile. Em Clojure usando Leiningen (ou lein para os íntimos – demora muito digitar o nome completo) há um arquivo de profiles em seu diretório home. Esse arquivo define bibliotecas e plug-ins que sempre ficarão ativos em qualquer circunstância e em qualquer código que se esteja digitando. Desnecessário dizer quão poderoso é isso, certo? Basicamente, bibliotecas ficam disponíveis para todos os projetos, mesmo os que não a usam, em qualquer circunstância. Aqui vale um pequeno desvio:

Em Clojure, há muitas bibliotecas que não servem exatamente para serem usadas no código – basicamente, o uso delas é refatorar código (como o refactor nrepl), debug (como o sayid), autocomplete (como o compliment), etc. O que vamos fazer é adicionar o refactor-nrepl e o proto-repl no projeto. O proto-repl, na verdade, é só o agrupamento do compliment e do clojure.tools.nrepl, então se você quiser pode adicionar essas bibliotecas individualmente (bom caso algum bug numa delas esteja corrigido numa versão mais recente).

O seu arquivo de profiles vai ficar dentro do diretório home, subdiretório .lein, no arquivo profiles.clj. Se nem o arquivo nem o diretório existirem, crie-os. Logo, seu arquivo /home/seu-usuario/.lein/profiles.clj ficaria assim:

{:user {:plugins [[refactor-nrepl "2.2.0"]]
        :dependencies [[slamhound "1.3.1"]
                       [proto-repl "0.3.1"]
                       [com.billpiel/sayid "0.0.10"]]}}

As dependências do slamhound e do sayid não tem uso ainda, mas estou pensando em integrá-las num futuro próximo ao clojure-plus, logo é bom mantê-las.

Nesse ponto, seu editor está pronto para ser usado. Você pode instalar também o plug-in parinfer, que infere parênteses a partir da indentação – muito útil, na minha opinião, mas devido a algumas semanticas provavelmente você vai querer usar o parinfer em conjunto com o paredit. Eu uso os dois juntos quando trabalho com Clojure.

Configuração dos plug-ins

Eu não gosto dos plug-ins que definem atalhos para mim, logo eu não defini nenhum atalho para o clojure-plus. O proto-repl, em compensação, define uma centena de atalhos, bem como o lisp-paredit. Eu costumo entrar em “View Installed Packages”, e dentro do proto-repl e do lisp-paredit eu removo os keybindings (de-selecionando o check Enable da área Keybindings de ambos os plugins). Agora, você provavelmente vai querer um atalho para mudar o modo “strict” do paredit, e atalhos para clojure. Então, abra seu arquivo de keymap, e vamos adicionar alguns. Nesse caso, eu vou adicionar keybindings compostos – “ctrl+espaço” vai ser o principal, e podemos usar outra tecla pra fazer o que queremos (ou seja, se você quiser se conectar no REPL, basta apertar “ctrl+espaço” e logo depois digitar “c”):
(more…)

Clojure, LightTable, e uma nova forma de programar

Esses últimos meses tenho estudado Clojure, ClojureScript, e me entendendo com o ecosistema de tudo isso. Mas sobre a linguagem fica para outro post. Por hora, vamos a uma frase famosa: A language that doesn’t affect the way you think about programming, is not worth knowing, ou Uma linguagem que não afeta a forma que você pensa sobre programar, não vale a pena aprender. Essa frase, de Alan Perlis, mostra muita coisa do que eu penso antes de aprender uma nova linguagem, e vai explicar muito ao aprender sobre Clojure.

Antes de mais nada, vejamos como as linguagens evoluíram – C++ e Java são linguagens orientadas a objeto. Ruby, Python, e Scala também. Mas vejamos como usar uma lista em Java: abrimos o Java, numa IDE lenta como o Eclipse (que precisa de instalação, etc), importamos a lib…. qual lib mesmo? Bom, entramos num Javadoc, procurarmos a lib…. isso em C++ é pior ainda, já que em Java, pelo menos a IDE completa automaticamente os métodos (e algumas vezes, até os imports) pra nós.

Em Scala e Ruby? Abrimos o console, criamos uma lista, atribuímos a uma variável e digitamos: variable., seguido de alguns tabs e o console completa para a gente. Esse é o poder de um REPL (Read-Eval-Print-Loop, ou console, IRB, etc), e o REPL muda completamente a forma de escrever, explorar, entender e até mesmo de pensar em programação. Precisamos um dado no banco de dados? Entramos no REPL, digitamos User.create!(login: “foobar”), e voilá – temos um objeto criado. Não precisamos criar uma tela de cadastro para criar esse dado, não precisamos abrir o gerenciador do banco, etc.

Isso, com Clojure, é elevado ao limite.

(more…)

Evitando o null-driven-development

Quando a programação em C estava em alta, havia uma série de alocações e liberações de memória. Depois disso, a alocação/liberação passou para C++, e a partir daí tínhamos código como o seguinte:

Person *person = new Person();
delete person;

Algumas vezes, queríamos criar um objeto mas não tínhamos todas as informações dele. Era comum usarmos o ponteiro e só atribuir ele quando tivessemos a informação:

Person *person = null;
//do something in-between
person = new Person(name);

Isso causava um efeito estranho que, eventualmente, o objeto seria “nulo”, ou “não existente”. Isso era uma novidade até o momento, já que nas linguagens mais antigas (VB, QuickBasic, Pascal, etc) ou não havia esse conceito de “nulo” ou não era comum usar.

Quando as linguagens orientadas a objeto dominaram o mercado, esse “null-pattern” acabou também entrando no mercado. Em Java (e Scala), por exemplo, qualquer operação que envolva um null lança um “Null-pointer exception” (que muitos programadores simplesmente capturam com um try-catch, mandam imprimir no console o stacktrace, e continuam o programa, que normalmente para de funcionar). Em Ruby, as coisas são mais complexas…

Ruby é a primeira linguagem que eu conheço que meio que “institucionalizou” o uso de nulos.
(more…)